Escrito por Rita-Dorneles janeiro 23, 2018 no site https://www.brasileirinhospelomundo.com

Olá pessoal!
Há pessoas que recebem uma fortuna como herança, outras que recebem uma casa, joias; outras podem receber roupas e objetos de arte e há os sortudos que recebem algo muito maior que qualquer bem material: A LÍNGUA!
Junto com a língua herdada, vem também o jeitinho de ser, ver o mundo, pensar sobre as coisas, se relacionar com as outras pessoas.
Duas culturas, dois mundos
Eu nasci no Brasil, cresci no Brasil e para mim é muito natural encontrar uma pessoa pela primeira vez e ir logo dando beijinhos e abraços, chamando de você e conversar como se fôssemos amigos há muito tempo. Somos assim… ou quase todos nós somos assim.
Claro que uns mais que outros, mas essencialmente assim. E aí um dia temos um bebê inglês que tem avós, tios, amiguinhos, mães e pais de amiguinhos, escola, diretora da escola, professora, todos ingleses. Nenhum deles dá beijinhos com naturalidade, nenhum deles fala alto e nenhum deles dá abraços calorosos em desconhecidos. Nosso bebê irá crescer envolto nessa cultura “fria”e super distante da nossa.
Nós também nos acostumamos a não dar beijinhos em ninguém que não seja definitivamente nosso amigo íntimo e, às vezes, não nos percebemos que já estamos meio “ingleses” também, até… bem, até a primeira viagem ao Brasil. Aí percebermos que nossos filhos não se sentem a vontade com os beijinhos da vovó, com a “agarração” das titias e com o falatório aos gritos como se todos estivessem brigando (ahhhh minha casa tão “portuguesa com certeza” que o diga como falamos alto). Nosso filho é definitivamente um estranho no ninho.
Criando brasileirinhos
Esse é o cenário que queremos evitar. Queremos que nossos filhos falem a nossa língua, mas queremos mais que isso. Queremos que eles sejam “brasileirinhos”. Em casa fazemos o pão de queijo, cozinhamos feijão todas as semanas, fazemos festinhas e cantamos os parabéns em português, mas, como ensinamos aos nossos filhos a ser de fato brasileirinhos, a viver como brasileirinhos?
Vamos no caminho certo, transformando a nossa casa em um pequeno território brasileiro: ao entrar em casa, seu filho estará chegando ao Brasil, com todo aquele calor humano que temos por lá! Mas é preciso vivenciar o Brasil em outros lugares e com outras pessoas também, senão corremos o risco de nossas crianças acharem que somos esquisitos, que falamos esquisito (não igual aos pais dos amiguinhos na porta da escola), que somos os únicos esquisitos do mundo.
POLH – Português como Língua de Herança
Com a finalidade de estender o Brasil para além da sua casa, você vai encontrar as escolinhas ou iniciativas de POrtuguês como Língua de Herança (POLH). Há uma perto de você com certeza! Há muitas iniciativas espalhadas por todo o mundo, e todos os dias aparecem mais e mais e todas com um objetivo em comum: trazer o Brasil para perto de suas crianças e também ensinar a língua portuguesa, claro!
Eu digo que o POLH (nós falamos /pôu/, como nome de homem “Paul”) é uma “entidade” com alma, com vida que está crescendo junto com essa geração de bilíngues. Nós, das escolinhas de POLH não ensinamos a língua portuguesa apenas, não estamos presos ao ensino regular da língua; usamos a língua para viver o Brasil, para mostrar o Brasil para nossas crianças.
Entre tantas outras coisas, a língua também é parte importante da nossa identidade.
Nos comunicamos em português. Ensinamos que somos todos brasileiros e que falamos todos a mesma língua com algumas diferenças regionais. Não ensinamos isso em uma aula de português, mas no convívio entre as crianças e todos os pais de diferentes localidades do Brasil, trazendo-os para o nosso “território brasileiro” (a sala de aula), suas culturas, seus costumes e suas experiências… as crianças são levadas a conhecer o Brasil que vai além da casa da avó e do jeito da mamãe falar.
Cuidado com as informações na web
Muitos pais, em grande maioria as mães, procuram na web respostas para essas questões de bilinguismo. É possível encontrar muita literatura boa sobre isso, para desmistificar, tirar a insegurança que alguns pais sentem ao pensar em desenvolver sua língua em casa com seu filho. Há outras mães que procuram atividades pedagógicas para fazerem com seus filhos, mostrando assim que pensam que ensinar português à suas crianças deve ser sempre por meio de atividades escolares.
É possível encontrar muito material didático na web, mas é preciso muito cuidado! Seu filho não é um aluno regular nativo de português vivendo no Brasil, ele certamente não entenderá algumas expressões, e pior do que isso, ele não precisa aprender que B com A faz BA porque ele já aprendeu isso na escolinha do país onde reside desde que ele já seja alfabetizado ou esteja em processo de alfabetização a não ser que você more na Grécia, Rússia, Arábia Saudita, Japão e outros, onde o alfabeto é completamente diferente do nosso. Nem tudo que encontramos na web serve imediatamente, é preciso uma adaptação e verificar os objetivos de cada atividade para ver se são os mesmos que os seus (oralidade, desenvolvimento de vocabulário, por exemplo). Por isso, cuidado!
Para cada país, uma escolinha
Pensando nas especificidades de cada aluno, cada país e cada realidade, as escolinhas de POLH trabalham com materiais criados especificamente para cada turma, desenvolvendo cada criança em suas necessidades particulares e respeitando as características de cada lugar. Crianças falantes de francês apresentam dificuldades diferentes das crianças falantes de inglês por exemplo. Algumas crianças apresentam maior dificuldade na oralidade e outras na escrita e assim por diante.
As escolinhas normalmente possuem turmas heterogêneas e o trabalho de um professor de POLH é árduo, para que todas as crianças avancem em sua linguagem e sentimento de pertencimento ao Brasil ao mesmo tempo.
Assim, se você deseja que seu filho vivencie o Brasil junto com coleguinhas da mesma idade, com os mesmos desafios linguísticos que ele, procure uma iniciativa, temos escolinhas espalhadas no mundo todo. Eu conheço melhor as da Europa, onde eu moro, mas sei que há escolinhas em todos os continentes. Por aqui temos escolinhas na Inglaterra, Espanha, França, Suíça, Holanda, Alemanha, Bélgica, Áustria, Noruega, Finlândia, Itália, Eslovênia, Luxemburgo e aqui na Europa dizemos que adotamos a HORA DO CONTO DE DUBAI, nos Emirados Árabes. Sei de escolinhas na Austrália, Nova Zelândia e Japão e outras tantas nos Estados Unidos da América. Se quiser entrar em contato com alguma escolinha, clique aqui para ver a lista com os contatos.
Como eu disse antes, muitas escolinhas nasceram do sonho e desejo dos pais em ver seus filhos envoltos pela cultura e língua do Brasil. Procure no link uma escolinha/iniciativa perto de você e caso não encontre e tenha o mesmo sonho e desejo, arrisque-se a juntar outros pais como você, peça ajuda se for necessário, há uma rede maravilhosa de profissionais dispostos a te dar uma mãozinha…
JUNTOS SOMOS FORTES E INVENCÍVEIS!
Te vejo no próximo texto!